segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Por Vera Fiori

São Paulo (AE) - Enquanto os fotógrafos da atualidade usam o recurso do Photoshop para disfarçar as imperfeições estéticas, Renoir, Degas, Ticiano e outros mestres da pintura retrataram a celulite como um componente estético inerente à feminilidade. Especula-se que as musas eram mulheres da elite, que, entediadas, posavam nuas, exibindo suas formas generosas. Falando em formas, as silhuetas arredondadas no formato de pêra são mais sujeitas ao problema do que as silhuetas retilíneas. Porém, isso não significa que as magras estão livres da grande vilã da beleza.

A celulite está relacionada ao estrógeno, hormônio sexual feminino que provoca retenção de líquido entre as células de gordura e as fibras dos tecidos subcutâneos. Com o acúmulo de líquido, os vasos sanguíneos da derme ficam comprimidos e a circulação é prejudicada. Mas, como lembram os especialistas, há também o componente genético e hereditário.

Entre os tratamentos mais recentes, o Velashape tem até Madonna como garota propaganda. Aos 50, a musa pop combina o método com outras atividades físicas como Pilates e o Power Plate (equipamento vibratório). Aprovado pelo FDA (agência reguladora de alimentos e remédios dos Estados Unidos), o Velashape também combate a flacidez e ajuda a diminuir medidas.

Segundo a dermatologista Valéria Marcondes, o diferencial do aparelho é associar em uma mesma aplicação o uso da radiofreqüência, da luz infravermelha e do vácuo, procedimentos que antes eram feitos isoladamente. "A luz infravermelha e a radiofreqüência aquecem os tecidos profundos da derme, acelerando o metabolismo das células de gordura, que, por sua vez, perdem volume. O aumento da temperatura gera uma contração das fibras elásticas e estimula o colágeno, firmando a pele." Outra função do aparelho é a sucção, empregada para aumentar a vascularização. Feita por roletes, manipula os tecidos, produzindo uma drenagem linfática nas regiões mais afetadas.

De acordo com a médica, a partir da sexta ou sétima sessão já é possível notar os resultados, inclusive a aparência mais lisa da pele. "Dependendo do grau de celulite, o ideal é fazer de 10 a 16 sessões, de uma a duas vezes por semana, durante 40 minutos cada." Os preços das sessões variam de R$ 350,00 a R$ 500,00.

Revolução

Segundo a dermatologista Shirlei Borelli, com o aumento da expectativa de vida, a tendência da medicina moderna é investir no aprimoramento de tratamentos corporais não invasivos. Com pacientes de 70 anos, que aparentam ter 20 a menos, a dermatologista dá o seu aval para a mais nova arma no combate à celulite. Mais conhecido por tratar a flacidez e linhas de expressão na face (área dos olhos, bochechas, papada, pescoço e lábios), o aparelho de radiofreqüência ThermaCool ganhou sinal verde do FDA para ser usado na definição do contorno corporal.

O tratamento, revolucionário, consiste em uma única sessão de 1h30. A descoberta, conta, se deu por acaso. "O ThermaCool era usado nos casos de flacidez no rosto e, ao longo dos tratamentos, observamos também uma melhoria da celulite e da textura da pele." As ponteiras do aparelho emitem ondas de calor e de frio, sendo que são dados de 900 a 1200 disparos na pele. "Na maioria dos casos, as áreas mais afetadas são as coxas e o bumbum."

Embora possa ser utilizado por pessoas de qualquer cor de pele, Shirlei observa que o ThermaCool tem indicações específicas. "Não é indicado para graus severos de celulite, e o sobrepeso tolerado fica entre 4 e 7 quilos no máximo." O preço é para poucos: de R$ 8 a R$ 12 mil por sessão. Após dois meses, a aparência da celulite já apresenta uma notável melhora, que pode continuar progredindo até seis meses depois da realização do tratamento.

Segundo o fabricante do aparelho, de acordo com um estudo feito com 33 pacientes ao longo de seis meses, 72% apresentaram redução na circunferência. A diminuição da coxa variou de 0,5 cm a 3,5 cm, enquanto a do abdome, de 0,25 cm a 7,5 cm. Já outras áreas do corpo tiveram redução entre 1,0 cm e 3,0 cm.

Força tarefa

O cosmiatra Jardis Volpe, da Clínica Volpe, é a favor de combinar tratamentos para combater a celulite. "Quando a paciente chega à clínica, primeiro fazemos um exame de bioimpedância, que determina, em porcentagem, o conteúdo de gordura no corpo. É possível precisar, por exemplo, quanto a pessoa tem de massa gordurosa e de massa magra." Depois, dependendo do grau de celulite (perceptível apenas quando a pele é apertada, aparente, ou com furos), ele sugere os tratamentos.

Volpe aprova os resultados do Accent, aparelho de radiofreqüência. "Passamos um óleo mineral nas regiões afetadas, e as ponteiras do aparelho geram calor para os tecidos. Esse efeito térmico murcha a gordura, aumenta as fibras colágenas e ativa o sistema linfático." Quando as depressões da pele são muito visíveis e em quantidade, o tratamento com o Accent pode ser combinado a uma subcisão cirúrgica. "O procedimento requer anestesia local e, com uma agulha especial, são feitos movimentos de vaivém, a fim de romper as fibroses que retraem a pele."

A subcisão não é indicada para pacientes com problemas de coagulação, e deve-se ficar 30 dias sem tomar sol para evitar manchas. Os resultados do Accent podem ser observados depois de seis a dez sessões, que são realizadas a cada 10 ou 15 dias. Os preços da sessão variam de R$ 500,00 a R$ 700,00, e os da subcisão, de R$ 800,00 a R$ 1 mil.

Para a manutenção, o cosmiatra indica algumas sessões (R$ 120,00 cada) de Endermologia (Celulaser), tratamento que segue os princípios da pressoterapia. "O aparelho tem dupla função: a pressão e o vácuo promovem um aumento da circulação local e a drenagem linfática. Uma luz de baixa potência estimula o colágeno."

Além das máquinas ultramodernas, oferecidas pela medicina estética, a atividade física é fundamental para melhorar o tônus da pele. "Na clínica sugerimos que, uma vez por semana, sejam feitas sessões de 30 minutos no Power Plate, para trabalhar quadris, parte interna das coxas e abdome. O equipamento, que funciona por vibração, melhora o condicionamento e o contorno corporal."

Outra opção das academias para complementar os tratamentos anti-celulite é o Power Jump - programa de ginástica da empresa Body Systems, realizado com saltos em mini-trampolins. Os exercícios praticados aliam drenagem linfática, resistência e movimentos de alta contração dos músculos das pernas.

Os saltos no mini-trampolim geram uma grande contração dos músculos dos membros inferiores, causando uma compressão ao redor dos vasos linfáticos. Conseqüentemente, elimina-se as toxinas através da urina. Nas aulas com duração de 60 minutos, cerca de 500 a 700 calorias são eliminadas.

Como resultados comprovados da prática do Power Jump, o treinador da Body Systems, Evandro Siqueira, destaca a desobstrução da corrente sanguínea, o combate a edemas e o auxílio aos gânglios na excreção das toxinas por meio dos órgãos responsáveis: rins, intestinos e glândulas. No entanto, a aula é contra-indicada para gestantes, pessoas com labirintite e aqueles que apresentam grandes instabilidades nas articulações dos membros inferiores - tornozelos, joelhos e quadril.

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